1 de abr. de 2013

As cidades como atores políticos


A conquista da cidade do Rio de Janeiro, em sediar as Olimpiadas de 2016, revela uma série de fatores importantes, articulados em um plano politico-econômico estratégico de desenvolvimento de país, e consequentemente de um determianado território, dentro de um projeto de médio e longo prazo, desenhado pelos governos Federal, Estadual e Municipal, além do apoio de setores da iniciativa privada.
Conquista nacional.
Isso só foi possível por conta de mudanças estruturais na condução da politica nacional, com maior ênfase após as eleições de 2002 e um novo desenho institucional na relação política entre os entes da federação.
Embora tenhamos vivenciado a estabilidade econômica com a implantação do Plano Real iniciada na década de 90, muito importante para a emanciapação nacional em um mundo globalizado, o preço social e politico pago por conta da lógica neoliberal estabelecida, não se converteu em um modelo de desenvolvimento sustentável de pais, com crescimento econômico e justiça social.
A partir da eleição do presidente Luis Inacio Lula da Silva, que ascendeu ao Palácio do Planalto, através de um grande apelo popular, de um projeto politico de desenvolvimento de país em contraposição ao que tínhamos e também de uma composição com setores da iniciativa privada, o país passou a vivenciar novos modelos de gestão, até então estabelecidos.
Com a tônica da manutenção dos contratos já estabelecidos, sem a provocação de solavancos econômicos e políticos, o governo Lula, inclusive com a quitação da dívida externa, com o FMI (Fundo Monetario Internacional), estabeleceu um novo paradigma da politica externa brasileira.
Esse novo protagonismo nacional, aliado com uma forte politica social, favoreceu estados e municípios que estivessem dispostos a compreender a nova logica que ali se estabelecia.
Através de caravanas internacionais o Governo Federal possibilitou a inserção de diversos municípios brasileiros no cenário global.
Além disso, a politica interna, foi pautada por uma visão republicana de Estado, onde a União não privilegiou, na distribuição de recursos federais, somente os seus aliados políticos, “fechando as torneiras” para os adversários.
Com ausência de gestores públicos e de bancos de projetos, um dos gargalos da gestão pública brasileira foi sentida fortemente na maioria dos estados e municípios brasileiros.
Embora com avanços significativos, neste ultimo período, o país ainda aguarda a alteração das regras de organização de vários temas nacionais, necessários para a melhor autonomia dos municípios brasileiros, como as reformas politica, tributária, do judiciário e a revisão dos monopólios dos meios de comunicação.

O Rio de Janeiro e as Olimpiadas de 2016.

Acredito, portanto, baseado no cenário descrito, que a escolha da cidade do Rio de Janeiro para sediar as Olimpiadas de 2016, não se deu por um acaso. Houveram, dentro do processo histórico, várias intervenções politicas, que possibilitaram este acontecimento.
A cidade que já havia sediado em 2007 a edição dos Jogos Pan Americanos, foi conduzida para um cenário de articulação e alinhamento politico entre os governos municipal, estadual e federal.
Através de um eixo estratégico solidificado em eventos esportivos de grande porte, como é o caso, a união dessas esferas de governo possibilitou o desenvolvimento de projetos de infra estrutura, sociais, culturais, habitacionais, de segurança pública, econômicos, etc, para o beneficio de toda a população carioca – benefícios permanentes.
Podemos citar ações de grande importância como a instalação de UPP´s (Unidades de Polícias Pacificadoras) em complexos de favelas com grande adensamento populacional e históricos de violência; reestruturação e melhoria das condições de turismo; revitalização da zona portuária, com a inauguração do Museu de Arte do Rio de Janeiro, inserido neste contexto maior; sistema viário e de transporte, etc.
A cidade do Rio de Janeiro, atuando como protagonismo politico, desenvolveu nesse curto período de tempo, aproveitando o contexto politico, econômico e cultural, para o desenvolvimento de uma nova base econômica, de melhoria da infra estrutura urbana, da qualidade de vida, com integração social e governabilidade.

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