A
conquista da cidade do Rio de Janeiro, em sediar as Olimpiadas de 2016, revela
uma série de fatores importantes, articulados em um plano politico-econômico
estratégico de desenvolvimento de país, e consequentemente de um determianado
território, dentro de um projeto de médio e longo prazo, desenhado pelos
governos Federal, Estadual e Municipal, além do apoio de setores da iniciativa
privada.
Conquista
nacional.
Isso
só foi possível por conta de mudanças estruturais na condução da politica
nacional, com maior ênfase após as eleições de 2002 e um novo desenho
institucional na relação política entre os entes da federação.
Embora
tenhamos vivenciado a estabilidade econômica com a implantação do Plano Real iniciada
na década de 90, muito importante para a emanciapação nacional em um mundo
globalizado, o preço social e politico pago por conta da lógica neoliberal
estabelecida, não se converteu em um modelo de desenvolvimento sustentável de
pais, com crescimento econômico e justiça social.
A
partir da eleição do presidente Luis Inacio Lula da Silva, que ascendeu ao
Palácio do Planalto, através de um grande apelo popular, de um projeto politico
de desenvolvimento de país em contraposição ao que tínhamos e também de uma
composição com setores da iniciativa privada, o país passou a vivenciar novos
modelos de gestão, até então estabelecidos.
Com
a tônica da manutenção dos contratos já estabelecidos, sem a provocação de
solavancos econômicos e políticos, o governo Lula, inclusive com a quitação da
dívida externa, com o FMI (Fundo Monetario Internacional), estabeleceu um novo
paradigma da politica externa brasileira.
Esse
novo protagonismo nacional, aliado com uma forte politica social, favoreceu
estados e municípios que estivessem dispostos a compreender a nova logica que
ali se estabelecia.
Através
de caravanas internacionais o Governo Federal possibilitou a inserção de
diversos municípios brasileiros no cenário global.
Além
disso, a politica interna, foi pautada por uma visão republicana de Estado,
onde a União não privilegiou, na distribuição de recursos federais, somente os
seus aliados políticos, “fechando as torneiras” para os adversários.
Com
ausência de gestores públicos e de bancos de projetos, um dos gargalos da
gestão pública brasileira foi sentida fortemente na maioria dos estados e municípios
brasileiros.
Embora
com avanços significativos, neste ultimo período, o país ainda aguarda a
alteração das regras de organização de vários temas nacionais, necessários para
a melhor autonomia dos municípios brasileiros, como as reformas politica,
tributária, do judiciário e a revisão dos monopólios dos meios de comunicação.
O Rio de Janeiro e as Olimpiadas de
2016.
Acredito,
portanto, baseado no cenário descrito, que a escolha da cidade do Rio de
Janeiro para sediar as Olimpiadas de 2016, não se deu por um acaso. Houveram,
dentro do processo histórico, várias intervenções politicas, que possibilitaram
este acontecimento.
A
cidade que já havia sediado em 2007 a edição dos Jogos Pan Americanos, foi
conduzida para um cenário de articulação e alinhamento politico entre os
governos municipal, estadual e federal.
Através
de um eixo estratégico solidificado em eventos esportivos de grande porte, como
é o caso, a união dessas esferas de governo possibilitou o desenvolvimento de
projetos de infra estrutura, sociais, culturais, habitacionais, de segurança
pública, econômicos, etc, para o beneficio de toda a população carioca –
benefícios permanentes.
Podemos
citar ações de grande importância como a instalação de UPP´s (Unidades de
Polícias Pacificadoras) em complexos de favelas com grande adensamento
populacional e históricos de violência; reestruturação e melhoria das condições
de turismo; revitalização da zona portuária, com a inauguração do Museu de Arte
do Rio de Janeiro, inserido neste contexto maior; sistema viário e de
transporte, etc.
A
cidade do Rio de Janeiro, atuando como protagonismo politico, desenvolveu nesse
curto período de tempo, aproveitando o contexto politico, econômico e cultural,
para o desenvolvimento de uma nova base econômica, de melhoria da infra
estrutura urbana, da qualidade de vida, com integração social e governabilidade.
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