2 de mai. de 2013

Núcleo de Economia Solidária da USP discute Bancos Comunitários


Publicado em SociedadeUSP Online Destaque por Fabio Manzano em 29 de abril de 2013


Formas de economias mais humanizadas são discutidas desde a primeira Revolução Industrial. Este pensamento é construído em oposição ao desenvolvimento de tecnologias que transformaram a sociedade, mas é somente no final do século XX que surge o conceito de Economia Solidária. Em uma concepção mais imediata e prática, Paul Singer – economista e titular da Secretaria Nacional de Economia Solidária (SNES), do Ministério do Trabalho e do Emprego (MTE) – acredita que esta é uma estratégia econômica que viabiliza uma “possível luta contra as desigualdades sociais e o desemprego”. Em 1998, o intelectual contribuiu para a criação, da Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (ITCP) da USP.
Nas últimas décadas se percebe, no país, o crescimento da organização de economias solidárias a partir de formas de trabalho menos centralizadas (associativistas e cooperativistas). Hoje, o Núcleo de Economia Solidária (Nesol) da USP age de forma a viabilizar projetos e ideias de iniciativas populares em um processo de incubação – criação ou desenvolvimento de pequenas e microempresas nas suas primeiras etapas de vida. O Núcleo tem estudado, ainda, maneiras de implementar e manter ativos os chamados bancos comunitários, tema discutido em encontro no último dia 23 de abril:  Finanças Solidárias - VIII Encontro dos Bancos Comunitários de Desenvolvimento da Região Sudeste.

A Economia Solidária na USP

O professor Augusto Neiva | Foto: Cecília Bastos / Jornal da USP - USP imagens
O Nesol foi criado em 2002 junto à Pró-reitoria de Cultura e Extensão e desde então procura desenvolver a formação de profissionais preparados para a atuação no campo da Economia Solidária além de atividades de pesquisa destinadas à geração de novos conhecimentos. Por isso, o Núcleo é amplamente plural; sua estrutura de funcionamento é baseada no trabalho de professores, pós-graduandos e graduandos das mais diversas áreas do conhecimento.
As atividades desenvolvidas pelo Nesol buscam, além de aumentar a produção acadêmica em temas relacionados à Economia Solidária, constituir um ambiente aberto para a reflexão e prática de atividades que envolvem autogestão e cooperativismo – criando subsídios para o aperfeiçoamento das metodologias de incubação e estratégias para o desenvolvimento deste tipo de economia. Aproximando ainda mais a academia do mercado e sociedade. Organizada por Paul Singer quando professor  da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA), a Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares da USP já trabalhou em conjunto com o Nesol na iniciação de projetos com Bancos Comunitários.
 Os bancos comunitários são meios para a comunidade se desenvolver por si mesma.
Ao tratar da incubação destes bancos, a pesquisadora do Nesol, Juliana Braz, ressalta que a pluralidade adquirida pela constituição do Núcleo é indispensável. Por trabalharem com frequência em áreas periféricas dos grandes centros urbanos, é importante poder se apoiar em conhecimentos advindos das ciências humanas (e não somente nos parâmetros e índices estatísticos para tentar mantê-los funcionando). O coordenador do Núcleo, professor Augusto Neiva, da Poli, reconhece que “o apoio aos Bancos Comunitários têm em sua aplicação certas dificuldades, mas o esforço é válido”. Dentre os desafios de se organizar uma incubadora para bancos comunitários, o professor alerta que bancos podem quebrar. “Há histórias de bancos de sucesso que quebraram no primeiro dia, mas eles não desistiram”.

15 anos de Banco Palmas

Foto: Cecília Bastos / Jornal da USP - USP Imagens
O Núcleo lançou, no último dia 23 de abril, um livro que divulga a pesquisa sobre o desenvolvimento de um Banco Comunitário cearense. O Banco Palmas 15 anos (A9 Editora, 2013) discute e apresenta o caráter humano dos clientes e funcionários do banco no seu desenvolvimento. O Nesol desenvolveu sua pesquisa indo atrás de informações in loco para entender como o banco conseguiu se manter por tanto tempo inserido efetivamente dentro do Conjunto Palmeira, região periférica de Fortaleza. “Os bancos comunitários são meios para a comunidade se desenvolver por si mesma”, ressalta a pesquisadora Juliana Braz.
De acordo com Braz, a proposta agora é trabalhar com os indicadores apontados pela pesquisa e tentar reproduzi-los no Banco Palmas, que se tornou exemplar. “O que estamos fazendo agora é ver se eles conseguem utilizar os indicadores desenvolvidos. Queremos ver também como criar séries históricas destas informações”, mas ressalta que “os dados têm que fazer sentido para as pessoas”, senão o esforço não traz resultado.
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